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domingo, 15 de janeiro de 2017

Operação Cui Bono: O que se sabe até agora

A Polícia Federal deflagrou na manhã de sexta-feira da semana passada a operação “Cui Bono?”, expressão em latim que significa “a quem interessa?”, que deixou o Planalto de cabelo em pé. Desdobramento da Operação Catilinárias, deflagrada no final de 2015, a nova operação investiga quadrilha que arrecadava propinas na Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2013.

Na mira dos investigadores está o ex-ministro Geddel Vieira Lima, responsável, até pouco tempo atrás, por fazer a articulação política entre o governo de Michel Temer e o Congresso. Também são apontados como integrantes do esquema criminoso: o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o doleiro Lúcio Funaro, ambos presos na Operação Lava Jato, e o vice-presidente da instituição financeira pública Fábio Cleto, além de empresários interessados em receber recursos do banco estatal.

Confira o que se sabe até agora sobre a nova operação:

O que é

A “Cui Bono?”, deflagrada nesta sexta-feira, é um desdobramento da Operação Catilinárias, de dezembro de 2015, na qual foi encontrado um celular na casa de Eduardo Cunha que registrava, entre outros, trocas de mensagens entre o ex-deputado e Geddel Quadros Vieira Lima.
Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2013, período investigado pela PF. Segundo o Ministério Público ele, Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, ainda contando em alguns momentos com a participação de Fabio Ferreira Cleto, desviaram “de forma reiterada recursos públicos a fim de beneficiarem a si mesmos, por meio do recebimento de vantagens ilícitas, e a empresas e empresários brasileiros, por meio da liberação de créditos e/ou investimentos autorizados pela Caixa Econômica Federal em favor desses particulares”
Como funciona

Entre os documentos encontrados pela PF, obtidos por VEJA, estavam papéis com uma relação de empresas que pleiteavam empréstimos e financiamentos na Caixa, além de informações detalhadas sobre taxas de juros, prazos das transações e os valores de cada operação. Uma folha, destacada com o título “Pipe Line Geddel” (o equivalente a “Duto Geddel”), faz referências a companhias como Eldorado, Flora, Vigor, Bertin e J&F. Há ainda outro material, chamado de “Pendência Geddel”, que lista uma série de operações de crédito envolvendo a J&F, a Hypermarcas e a Gol.

Depois de defender os pleitos de cada companhia, Geddel repassava informações confidenciais para os demais integrantes da quadrilha, como Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, para que pudessem achacar  empresas que pleiteavam recursos do banco estatal.

As propinas eram pagas tanto em contas na Suíça como em dinheiro vivo e para empresas do operador Lúcio Funaro.

A principal prova da atuação da quadrilha está em mensagens enviadas do celular de Cunha para Geddel. Ao discutirem o caso Marfrig, em julho de 2012, Geddel reporta ao ex-deputado que o “voto sai hj”, em referência à liberação dos recursos que beneficiariam a empresa. Um mês depois, a Marfrig, quando estava com a corda no pescoço e prestes a se desfazer de alguns negócios para quitar a sua dívida, fechou um empréstimo de 350 milhões de reais com Caixa.

Ao longo das investigações da Operação Lava Jato, Ministério Público e Polícia Federal já haviam recolhido indicativos da atuação criminosa de Eduardo Cunha junto ao fundo de investimento do FGTS (FI-FGTS). Em delação premiada, Fábio Cleto, por sua vez, detalhara que o esquema de Cunha no FI-FGTS também era replicado na Caixa Econômica, tanto na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, presidida pelo próprio Cleto, quanto na vice-presidência de pessoa jurídica, sob responsabilidade de Geddel.

Geddel relata, também por mensagem, a Cunha pendências do grupo J&F Investimentos com o FI-FGTS e avisa: “Fala p regularizar la”. No caso do Grupo Bertin, cujos dirigentes também caíram na rede de investigações do petrolão, a Polícia Federal mapeou uma mensagem de setembro de 2012 na qual Cunha intercede junto a Geddel em favor do grupo e cobra: “Precisa ver no assunto da bertin a carta de conforto com os termos que necessita”.

A relação entre os integrantes da quadrilha não era um mar de rosas. Conforme revelou o Radar, Funaro chegou a falar de Geddel a Cunha referindo-se a ele como “porco folgado” e disse estar disposto a sair na porrada: “tenho total condição”.

Quem está na mira

Além de Geddel, Cunha, Funaro e Cleto, o ex-número 2 de Michel Temer, Roberto Derziê de Sant’Anna, também á alvo da investigação. Na análise de mensagens recuperadas de um celular encontrado na residência de Cunha, durante a Operação Catilinária, os investigadores encontraram menção a “Desirre”, codinome atribuído a Derziê. Na época dos diálogos, em 2012, Derziê era diretor-executivo de Pessoa Jurídica da Caixa. Depois de exercer essa função, foi nomeado secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), em 2015, no período em que Temer, ainda como vice-presidente, assumiu a pasta, responsável pela articulação política com o Congresso.

De acordo com o G1, relatório da PF diz que Cunha e Geddel também discutiram repasses para o Partido Social Cristão (PSC) a pedido do Pastor Everaldo.

Apesar de estar fora da operação deflagrada nesta sexta-feira, o empresário Eike Batista também está na mira dos investigadores. A Polícia Federal encontrou mensagens de Cunha que tratam de negócios do interesse do fundador do grupo EBX. Em abril de 2012, o ex-presidente da Câmara mandou mensagem para uma pessoa identificada como Gordon Gekko. O apelido, uma referência ao especulador do mercado financeiro interpretado pelo ator americano Michael Douglas no filme Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme, era usado por Fábio Cleto. “E Eike?”, indagou o ex-presidente da Câmara. “Eike tudo bem, abordado o tema do FI”, respondeu Cleto.

Cunha não era o único interessado em ajudar o empresário Eike Batista, que chegou a ser um dos homens mais ricos do mundo antes de as suas empresas derreteram na Bolsa de Valores. Quatro meses depois da mensagem de Cunha, em junho de 2012, o ex-presidente da Câmara André Vargas escreveu para Cleto: “Eike estará com hereda hoje?”. Hereda é Jorge Hereda, ex-presidente da Caixa.

As conversas também arrolam na investigação outros políticos peemedebistas, de acordo com o G1. Em 2012, Lúcio Funaro diz a Fábio Cleto: “Tem que ver essa situação da Comport e Hypermarcas aí dentro pra andar rápido porque eles dois tão contribuindo com o Chalita e querem a contrapartida”. Em 2012, Gabriel Chalita foi candidato a prefeito de São Paulo pelo PMDB. A investigação não conclui se Chalita recebeu alguma doação do esquema.

Em nota, a Marfrig afirmou que “diante das notícias veiculadas hoje pela imprensa, a Marfrig informa que não foi alvo de qualquer medida da Polícia Federal, que a Caixa Econômica Federal ou qualquer um de seus fundos não são acionistas relevantes da Companhia e esclarece que as operações com tal instituição financeira sempre foram feitas em condições de mercado, com custos equivalentes aos dos bancos privados, com garantias reais e sem qualquer tipo de privilégio. Ainda informa que todas as operações contratadas durante o período apurado nas investigações (2011-2013) foram devidamente liquidadas no prazo e condições, não restando em relação a estas quaisquer débitos em aberto.”Fonte:Veja